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Por mais diversidade no trabalho: conheça o guia do Programa SENAI de Ações Inclusivas

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 29 de junho de 2023


O mundo é diverso. O mercado de trabalho, infelizmente, ainda não. Com a missão de mudar essa realidade por meio de uma formação profissional para todos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial criou, em 1999, o Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI). Em mais de duas décadas, o que começou com o preparo de unidades, materiais didáticos e docentes para qualificar pessoas com deficiência se transformou no programa de inclusão para o mundo do trabalho mais abrangente do país. 

Nesta quinta-feira (29), a instituição escreveu outro capítulo nessa história com a divulgação dos novos pilares estruturantes da iniciativa, de forma a dar visibilidade a todos os públicos atendidos e se alinhar ao conceito de ESG, que reúne as políticas de meio-ambiente (E), responsabilidade social (S) e governança (G).  

Assim, o programa passa a desenvolver suas ações envolvendo: 

- Pessoas com deficiência -> construção de um futuro anticapacitista na educação, trabalho e sociedade; 

- Gênero ->  relações de gênero e o engajamento de mulheres na ciência, exatas e tecnologia; 

- Gerações -> equilíbrio entre as diferentes gerações, reconhecendo todas as habilidades e vivências; 

- Raça/etnia -> equidade racial e étnica, para valorização de todas as origens, povos e culturas; 

- LGBTQIAPN+ -> desconstrução de estereótipos para que todas as pessoas LGBTQIAPN+ possam ser quem são. 

Diversidade aumenta produtividade nas empresas 

Para divulgar o reposicionamento, foi realizada uma live, com convidados e transmissão ao vivo no Youtube do SENAI. Também ocorreu o lançamento do Guia PSAI de Diversidade e Inclusão e a apresentação do sinal em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) da palavra SENAI. 

“O que estamos abordando no guia deveria ser de conhecimento da sociedade há décadas, mas sabemos que ainda temos que lutar muito por equidade. Não é ação de solidariedade ou favorecimento, é dar oportunidade para que todos possam produzir e fazer sua contribuição social e econômica, em prol do desenvolvimento”, pontuou Mateus Simões, Gerente de Educação Profissional e Superior. 

Ele afirmou que empresas que trabalham ações inclusivas têm melhores resultados, e que pessoas diferentes enriquecem o mundo corporativo ao trazerem diversidade de opinião e execução. 

“Para cada 10% de elevação da diversidade de gênero, verificou-se um aumento de quase 5% na produtividade das empresas (ID_BR-Instituto Identidades do Brasil, 2022)”, destaca o Guia de letramento e conscientização do PSAI.

Com linguagem clara e objetiva, o material desdobra cada um dos cinco pilares - gênero, raça e etnia, orientação sexual, gerações e deficiência. Nele, constam dados, glossário de conceitos, dicas de convivência, mitos e até concepções, atitudes e frases que devem ser evitadas, sendo um excelente ponto de partida para quem deseja ser um agente de mudança. 

Organizações do terceiro setor e empresas participam de roda de conversa 

Representando o Fórum das Empresas e Direitos LGBTI+, Ricardo Mota lembrou que ontem (28) foi Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ e que viveu desafios de várias gerações sendo gay. Hoje, aos 56 anos, carrega consigo o compromisso de compartilhar experiências e levar informação às lideranças e equipes. 

“As empresas buscam ser um lugar inclusivo e criativo para trazer melhores resultados. Quando você não se encontra ali, está fora desse ambiente. A empresa e nós, como seres humanos, perdemos”, lamentou. 

Ricardo Sales, que integra o mesmo Fórum e é CEO de outra iniciativa, o Fórum Gerações e Futuro do Trabalho, completou, chamando atenção para outro "armário”, o etário. “A idade não nos define, mas é um marcador que nos constitui sim, fala da nossa experiência. Ter vergonha ou mentir a idade revela muito mais sobre preconceito, patriarcado e padrões que sobre nós”, alertou.   

Ele concluiu com uma provocação sobre os debates acerca do futuro do trabalho. “Futuro para quem? É essa a pergunta que temos que fazer. No mercado de tecnologia, por exemplo, muito se fala que serão criadas tantas mil vagas com as novas tecnologias, mas para quem?”. 

Contra fatos, não há argumentos: estatísticas escancaram desigualdades

Fernanda Honorato, primeira repórter com síndrome de Down do mundo, e Scarlett Rodrigues, coordenadora de Direitos Humanos do Instituto Ethos, trouxeram para a mesa de debate a representatividade dos pilares de PcDs e etnia/raça, respectivamente. “Acreditem no potencial das pessoas com deficiência para uma inclusão total e irrestrita para todos”, pediu Fernanda Honorato. 

Scarlett partiu dos dados, alarmantes, de disparidade salarial entre homens e mulheres e nos postos de influência. “Ainda não estamos presentes em espaços estratégicos. Temos menos de 3% de lideranças negras, sendo que somos a maioria do país. A conta não bate. Como mudar esses dados? Eu não preciso de espaço, eu preciso de poder. Poder pra fazer mudança, pra trazer mais pessoas como eu”, rebateu. 

Do lado das empresas, Raquel Henriques, gerente de RH da Jaguar LandHover no Brasil, ressaltou que ESG não é moda, não se limita a números e cotas e requer iniciativa: “Quem faz e transforma o negócio são as pessoas, então que as ações confirmem nosso discurso. Precisamos assumir o protagonismo, já que um mundo com respeito e que dá visibilidade começa com a gente, revendo padrões, vieses inconscientes e quebrando isso”.  

Missão do PSAI é criar espaços acolhedores e ampliar oportunidades de formação

Gestora do Programa SENAI de Ações Inclusivas, Suzana Figueiredo reforça que a iniciativa tem abrangência nacional, com ações em mais de 465 Unidades Operacionais, que atendem 552 municípios das 27 unidades da Federação. Seu principal objetivo é promover condições de equidade que respeitem a diversidade inerente a todas as pessoas para inclusão nos cursos do SENAI e no mercado de trabalho. “Nossa missão é criar espaços acolhedores para que as pessoas possam ser quem são”, resume. 

Para isso, o SENAI aposta em formação continuada de docentes, coordenadores de curso, equipe técnica e coordenadores pedagógicos; acessibilidade metodológica, programática, comunicacional, arquitetônica e instrumental, incluindo cursos e livros didáticos adequados; mudanças e adequações das práticas educativas existentes por meio da produção e disseminação de glossários com termos técnicos (baixe o App SENAI Libras na Apple Store ou no Google Play); e avaliação e certificação do estudante com necessidades específicas, reconhecendo suas peculiaridades e especificidades.  

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