Compartilhar

CNI

Taxa de homicídio perto de escolas com ensino médio integral em São Paulo cai 47%, aponta CNI

Por Agência CNI de Notícias - Publicado 25 de setembro de 2024

Levantamento apontou queda nos índices de homicídio, roubo e furto de celular e roubo e furto de veículos ao redor de escolas com ensino médio de tempo integral


Levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) analisou o impacto que a oferta do ensino médio de tempo integral tem sobre os índices de criminalidade. A pesquisa do Observatório Nacional da Indústria considerou ocorrências registradas em um raio de até 1,5 km das escolas estaduais e municipais entre 2010 e 2019 em São Paulo. 

Neste período, a taxa de homicídio nas áreas ao redor das escolas que aderiram ao ensino médio de tempo integral (EMTI) caiu 47,2%. As ocorrências de furtos de celular caíram 16% e roubo de celular 13%. Houve ainda uma redução de 36% nos furtos de veículos e 5% nos roubos de veículos.

O estudo mostra ainda que a política educacional gerou uma economia de cerca de R$ 1,28 bilhão em homicídios evitados, além de R$ 109 milhões no sistema prisional.

A pesquisa levou em consideração escolas públicas municipais e estaduais de São Paulo que tiveram alunos matriculados em turmas de ensino médio entre 2010 e 2019. Em uma década, houve uma expansão acelerada na rede EMTI do estado, passando de 29 para 487.

Em 2010, o percentual de alunos matriculados em EMTI era de 6,05%, mas em 2019 o percentual passou para uma média de 22,5%. Entre os anos analisados houve um aumento de mais de 116 mil matrículas, passando de 2.353 alunos em turmas de EMTI em 2010 para 118.837 em 2019.

Houve ainda um aumento no número de municípios com a presença de escolas com ensino médio de tempo integral. Em 2010 apenas 29 municípios paulistas tinham a presença de pelo menos uma escola EMTI. Em 2019, esse número saltou para 198 municípios, quase sete vezes mais.


“A pesquisa mostra evidências de como a política educacional vai além da sala de aula e traz resultados também na redução da violência e na melhora do bem-estar da população”, explica o especialista em Políticas e Indústria da CNI, Daniel Lopes.


O estudo levou em consideração tanto o crescimento da adoção do modelo EMTI quanto o momento em que foi adotado pela escola. Isso permitiu verificar a evolução dos indicadores de criminalidade na vizinhança de cada unidade e os efeitos no cenário estadual

CONHEÇA AQUI OS DETALHES DO LEVANTAMENTO “O IMPACTO DO ENSINO INTEGRAL NA REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA”

Apesar da transversalidade que o ensino médio de tempo integral tem, o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, ressalta que apenas a extensão do horário escolar não é suficiente para garantir uma boa formação.


“É importante qualificar o ensino oferecido para que o horário prolongado não seja apenas um empilhamento de horas, mas também uma forma de incentivar uma educação integrada. O programa de Educação Básica e Educação Profissional (EBEP) do Sesi em parceria com o Senai, por exemplo, oferece um ensino que seja pensado também no mercado de trabalho, o que é capaz de fomentar uma formação completa para o estudante e aumentar a produtividade e competitividade de toda economia brasileira”, afirma Lucchesi. 


O programa EBEP tem duração aproximada de quatro anos e permite que o estudante planeje sua carreira através de vivências práticas e aulas específicas que o prepara para o mercado de trabalho, além do currículo tradicional de ensino médio.

A relação entre jovens e violência no Brasil

Números do Better Life Index calculado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2022 consideram o Brasil o 3º país mais violento, entre um grupo de 41 países. Entre 1990 e 2019, houve um aumento de 7,72% nos registros de homicídio no país. 

Os jovens são especialmente afetados por essa violência. De acordo com o Atlas da Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 51,26% das vítimas de homicídio no Brasil são pessoas entre 15 e 29 anos. 

Para o pesquisador e ex-diretor do IPEA Daniel Cerqueira, a educação o verdadeiro escudo contra mortes violentas no país. Ele ressalta a importância de diversos elementos para melhoria da segurança pública, não apenas investimentos em policiamento e no sistema de justiça criminal.


“Em geral, as pessoas e autoridades têm uma visão bastante restrita do que sejam as políticas efetivas de segurança pública. Nos países desenvolvidos, há décadas, existe uma compreensão de que tais políticas são essencialmente intersetoriais, onde é preciso pensar também em programas no campo da educação, da cultura e dos esportes, entre outras áreas, para garantir que a criança e o jovem possam ter uma trajetória de vida apartada do crime organizado e desorganizado”, explica Cerqueira.


Pesquisas sobre educação e segurança em outros países  

A relação entre educação e redução da criminalidade também está presente em outros países. Uma pesquisa feita por pesquisadores chilenos mostrou que a extensão do turno escolar que seguiu uma reforma educacional diminuiu o crime no município da escola. Outro estudo, desta vez nos Estados Unidos, mostrou que o inverso também pode acontecer: no estado do Colorado houve aumento nos níveis de criminalidade entre os jovens após redução do período escolar 

Observatório Nacional da Indústria  

O Observatório é um hub de dados em temas de interesse da indústria brasileira capaz de fornecer inteligência estratégica para todo o complexo ecossistema industrial brasileiro. Atualmente, ele reúne mais de 200 bases de dados.  

Por meio de estruturas inteligentes, algoritmos e indicadores, disponibiliza informações fundamentais para o fortalecimento da indústria em diferentes formatos como: dashboard, data visualization, relatórios, modelos de report, tabelas, gráficos, linhas do tempo, big data e mapas.

Outras Notícias