O investimento em tecnologia nas indústrias brasileiras gerou um aumento de 23% na contratação de mão-de-obra qualificada no país. Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo mostra que, entre 2003 e 2005, aumentou em 8,4% o número de empresas de diversos setores que investiram em inovação tecnológica em produtos ou processos. "Inovação", no entendimento do levantamento, pode ser entendido como investimento em pesquisa, desenvolvimento, treinamento e equipamentos.
O investimento em tecnologia torna os produtos brasileiros mais competitivos. Sabendo disso, muitas empresas não ficam esperando pelas novidades. Ao contrário, criam áreas internas para desenvolver projetos. É o que acontece principalmente na indústria.
"Isso significa maior oferta de emprego porque para inovar a empresa precisa de pessoas qualificadas. Inclusive, a pesquisa captou um crescimento naquilo que nós chamamos a área mais nobre, que é a área de pesquisa e desenvolvimento. Houve um crescimento de pessoal ocupado de cerca de 23%", explica a coordenadora da pesquisa, Mariana Martins Rebouças.
Qualificação
Foi apostando na qualifcação que o assistente de gerência Antônio Benedito se manteve no emprego. "Eu entrei como servente e hoje sou assistente de gerência. Tem muitas pessoas que hoje são supervisores".
Quando a operária Maria Goreth Dias começou a trabalhar na linha de produção de uma fábrica de cosméticos, não havia equipamentos de proteção. "A gente não tinha jaleco, nem touca. Tinha que pôr o lenço no pescoço para não queimar".
A empresa foi automatizada, e a situação mudou. "A máquina faz tudo para nós. A gente empurra e vai colocando tudo na caixinha", explica a operária Ilma Ribeiro.
Obstáculos
Segundo o IBGE, dentre as 180 empresas consideradas inovadoras no setor de telecomunicações, 67,8% citaram a "entraves" à inovação. No setor de informática, 43,9% das "inovadoras" queixaram-se de obstáculos.
Já no setor industrial esse percentual foi de 34,3%. Entre as barreiras para o investimento foram apontados o alto do custo do investimento e a falta de financiamentos disponíveis.
O estudo mostrou que também é maior o investimento em inovação na indústria. Em 2003, o setor investia em média 2,5% de seu faturamento em inovação. Já em 2005, esse percentual foi de 2,8%.
O número de empresas que investiram em inovação tecnológica e o volume investido poderia ter sido maior não fossem os custos, riscos econômicos e a falta de fontes de financiamento – principais fatores apontados como obstáculos pelas empresas.
Formas de investimento
Cada setor pesquisado apresentou diferentes formas de inovação tecnológica. No ramo de informática, por exemplo, os gastos com atividades internas de pesquisa e desenvolvimento representaram 2,33% da receita do setor, acompanhado de aquisição de máquinas e equipamentos (NULL,27%) e treinamento (NULL,69%).
No setor de telecomunicações, os maiores percentuais de gastos com inovação foram a aquisição de softwares (.90%). Já na indústria, a maior parcela dos investimentos foi para a aquisição de máquinas e equipamentos, que consumiu 1,34% da receita das empresas inovadoras.
No estado de São Paulo, ficam 35% das indústrias inovadoras. É também onde são feitos mais da metade dos gastos nessa área.
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