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Paraíba Educação

Mulher na ciência: SESI e SENAI incentivam a participação feminina em pesquisas científicas e tecnológicas

Por Coordenação de Comunicação - Publicado 11 de fevereiro de 2022

Nesta sexta-feira, 11, comemora-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), para celebrar a importância do debate sobre o espaço da mulher nessas áreas.


Alunas da Escola SESI durante experimento no Laboratório de Iniciação Científica (LIC) da instituição.

A ciência sempre foi um campo dominado por homens. Com o tempo, as mulheres foram conquistando espaço até que conseguiram se integrar e atuar diretamente como pesquisadoras e cientistas. Nomes como a física Marie Curie e a engenheira agrônoma Johana Döbereiner, fizeram história e marcaram o progresso das mulheres no campo da ciência e da tecnologia, colaborando com essa conquista.

Nesta sexta-feira, 11, comemora-se o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), para celebrar a importância do debate e da conscientização da sociedade sobre o espaço da mulher na ciência, nas tecnologias e nas engenharias, além de promover a igualdade de gênero nessas áreas.

O SESI e o SENAI são instituições que estão cada vez mais engajadas em integrar a presença feminina nesses espaços encorajando mulheres e meninas a seguirem carreira na ciência, na tecnologia, na engenharia e na matemática.

Camila Rodrigues, de 20 anos, é uma das milhares de estudantes do SENAI que usam a criatividade para ajudar a sociedade através de projetos de inovação. A jovem, que faz o curso Técnico em Eletroeletrônica no Centro de Educação Profissional Odilon Ribeiro Coutinho do SENAI, em João Pessoa, desenvolveu um projeto de automação chamado "Agro Inteligente", orientada pelos instrutores Fernando Matias e Igor Carvalho. O projeto é um sistema de irrigação automatizado que trabalha com sensores de temperatura de ambiente e umidade do solo para evitar o desperdício de água no sistema de irrigação. “Por meio desses sensores, ele vai passar todas as informações para um aplicativo e assim que você parametrizar a umidade adequada do seu solo, quando o sensor detectar aquele parâmetro que você adicionou, ele vai desligar o sistema. Se a umidade estiver abaixo do que você colocou, ele aciona o sistema de irrigação e só vai desligar quando atingir determinada umidade”, explicou a estudante. 

Camila durante apresentação do projeto “Agro Inteligente” no Inova SENAI.

“O que me encanta nisso é a forma como a tecnologia pode nos ajudar a facilitar as coisas no nosso dia a dia e saber que eu posso contribuir com o avanço dessas possibilidades", Camila Rodrigues, estudante do curso Técnico em Eletroeletrônica do SENAI ORC, em João Pessoa.


Aline Alves, do Centro de Atividades Corálio Soares de Oliveira do SESI, em Bayeux, é umas das professoras que incentivam, dentro da Escola SESI, a pesquisa científica através do Laboratório de Iniciação Científica (LIC), programa da instituição que promove a iniciação à pesquisa científica na educação básica, estimulando os jovens em projetos nas áreas das ciências, das tecnologias e da inovação. 

Ela esteve à frente, em conjunto com a professora Ana Karolina Araújo, do projeto “MeninaSTEMpoder”, que tem como objetivo empoderar e dar visibilidade a mulheres e meninas na ciência, focando não só em grandes nomes do passado, como também em grandes histórias atuais. Elas criaram um site para o projeto para catalogar mulheres que contribuíram ao longo dos anos em diferentes áreas das ciências, para promover uma educação científica igualitária. 

Dentro do LIC, a professora orienta atualmente três projetos, que são finalistas da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE). O primeiro deles é o “Nutrizon”, pensado pelos alunos para resolver a problemática da insegurança alimentar, trazendo esse composto como solução. O segundo é o “Clean River”, um filtro biodegradável para ajudar na limpeza do Rio Paraíba, nas imediações da cidade de Bayeux, no litoral da Paraíba. “O foco dos alunos é a filtragem da água para que ela consiga sair de forma mais purificada e a comunidade ribeirinha, que a utiliza para algum serviço doméstico, possa estar utilizando com melhor qualidade”, explicou Aline.

O terceiro projeto que ela orienta é o “L.I.C.A salvando a terra”, que é um jogo educativo, em formato de RPG, voltado para a conscientização ambiental. De acordo com a professora, a ideia é distribuir o aplicativo em sala de aula para ser utilizado como recurso de engajamento dos alunos quando o assunto é educação ambiental. 

Para Aline, ainda há pouca participação das meninas nos projetos, mas que isso, infelizmente, é uma realidade do campo científico. “A gente ainda tem um número baixo de meninas no projeto, que é uma realidade dentro da própria ciência. As meninas que estão atualmente são muito envolvidas, elas têm voz, elas têm vez e participam ativamente de cada etapa e cada parte do projeto. Elas são realmente as protagonistas do LIC”, disse a professora, garantindo que luta para uma maior representação feminina nesse campo. “Mas vai entrar uma equipe nova, mais meninas na ciência, porque nosso papel também é falar de uma ciência de forma igualitária, que tenha equidade”, concluiu.

Júlia Nicoly, de 16 anos, é uma de suas alunas e representante do projeto L.I.CA. A jovem, que se considera criativa, entrou no Laboratório de Iniciação Científica por gostar muito da área, e viu ali a oportunidade de manifestar suas ideias de uma maneira mais concreta. “Eu sempre gostei muito de ciência e sempre fui muito criativa, então quando entrei no SESI, surgiu essa oportunidade de poder expressar minha criatividade através de coisas que eu gosto, foi um momento mágico pra mim. Eu vi uma porta se abrindo e disse ‘chegou o meu momento, preciso tentar’, foi quando entrei no LIC e realmente foi incrível ver uma ideia minha tomar uma proporção tão grande, porque agora somos finalistas da FEBRACE e eu fiquei muito feliz”, disse a jovem com orgulho.

A FEBRACE é a maior feira de ciências e engenharia do país e é um programa que estimula a pesquisa científica, a inovação e o empreendedorismo em jovens e educadores da educação básica e técnica. A premiação está prevista para acontecer em março deste ano. Até lá, os projetos finalistas passam por uma série de mostras do evento. 

A ciência, a tecnologia e a engenharia são campos que despertam a curiosidade de muitas pessoas desde muito cedo. Nicoly explica que nesse ambiente, tudo é encantador. “Desde a ideia, até o momento que a gente está ali fazendo a pesquisa, fazendo os planos da pesquisa para o projeto, tudo é muito bom. É gratificante ver meu esforço, o que eu estou fazendo virando algo concreto”, disse.

Mesmo rompendo barreiras e ganhando espaços de destaque em setores como computação, engenharias e tecnologias, mulheres ainda são minoria nessas áreas. Segundo o levantamento “Unesco Science Report” de 2021, apenas 28% dos formados em engenharia, por exemplo, são mulheres. Elas também representam somente 22% das pessoas que trabalham com desenvolvimento de inteligência artificial no mundo. 

O papel da mulher na ciência sempre foi invalidado. Sua atuação não tinha o devido crédito, o que acabava gerando invisibilidade dentro do campo científico. Para a professora da Escola SESI, Aline Alves, esse papel hoje é muito importante pela representação e estímulo que gera em outras mulheres. “Quando eu estou aqui, numa posição de mulher dentro do campo científico, outras podem se enxergar em mim e podem ver que é um caminho possível”, afirmou.

Ainda há um longo percurso pela frente até que haja uma paridade de representação de gênero nas ciências, mesmo que o debate tenha crescido nos últimos anos, principalmente no âmbito acadêmico. Aline conclui afirmando que é "importante que esse debate chegue nos muros das escolas para que as meninas possam ver que é possível ocuparem esses lugares. É essencial também essa discussão de gênero no ensino, nas ciências e nas engenharias, não apenas para que se fale na presença ou ausência de mulheres na produção do saber, mas que a gente tenha uma educação que respeite as diferenças e promova valores de equidade”, ressaltou.

Isso aconteceu com Nicoly, que encontrou na ciência um lugar de empoderamento. “Por muito tempo esse lugar foi tirado da gente, não tínhamos mulheres à frente de grandes pesquisas. Acho muito importante hoje a gente ter esse espaço no campo científico, à frente de ideias e projetos tão inovadores. É gratificante ver que a gente ganhou um lugar tão relevante para a sociedade”, disse a jovem. 

O SESI e o SENAI abraçam e desenvolvem iniciativas de incentivo e estímulo à integração de meninas e mulheres na ciência. Aline, Camila e Nicoly são exemplos de mulheres que usaram esse espaço para trazer à sociedade a lição de que a ciência é lugar de quem quiser.


Texto/Colaboração: Igor Batista

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