Teve início nesta terça-feira, o Simpósio Saúde e Segurança do Trabalho, realizado pelo SESI da Paraíba, com a apresentação do maior estudo sobre a prevalência do coronavírus e a velocidade de expansão da Covid-19, realizado no Brasil. O estudo foi apresentado por Pedro Hallal, doutor e mestre em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e responsável por coordenar as pesquisas do EPICOVID-19.
Pedro Hallal explicou que o estudo começou em fevereiro de 2020, e foi dividido em 11 fases. “Inicialmente foram ouvidas 4500 pessoas, em nove cidades do Rio Grande do Sul, mas conseguimos ampliar esse universo para outros estados do Brasil; envolvemos 200 mil pessoas que foram entrevistadas e contribuíram com nosso trabalho”, comentou.
A pesquisa seguiu um cronograma de fevereiro até junho de 2020 e ao final, foram apresentados cinco resultados importantes. Segundo Hallal, “o primeiro resultado confirmou a Teoria de Iceberg, ou seja, que nem todas as pessoas que foram contaminadas aparecem na estatística oficial, o que comprova que o número de casos da doença é bem maior que o divulgado”, disse.
Com relação aos demais resultados o pesquisador relatou que o segundo resultado mostrou que 90% das pessoas infectadas apresentam sintomas, e 60% delas perdem o olfato e o paladar, portanto os sintomas não podem ser subestimados; um 3º resultado mostrou que as crianças pegam a doença tanto quanto os adultos, a única diferença é que apresentam sintomas mais leves. O 4º resultado, segundo Hallal, é que a doença é marcada por desigualdades regionais e sociais, “ou seja, na região Norte, a incidência dos casos foi maior, sobretudo em localidades ribeirinhas, se comparado ao sudeste, centro-oeste e sul, que tiveram índices menores, e a prevalência da Covid-19 tem relação com as desigualdades sócio econômicas, por exemplo, quando começou a transmissão comunitária, observamos que em moradias com mais pessoas convivendo no mesmo local, a transmissão é maior, um exemplo disso, é nas aldeias indígenas”, explicou.
E, por fim, o pesquisador apresentou um dado que mostra a letalidade da doença, que é de 1%, “apesar de parecer pequena, não é sobretudo considerando a população brasileira que ultrapassa 213 milhões de habitantes, e onde foram registrados mais de 600 mil mortes”, enfatizou.
A Epicovid-19 foi coordenada pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas e financiada pelo Ministério da Saúde. A programação teve continuidade com a participação do pós-doutor em Ciências da Saúde, Mauro Barros, que abordou sobre “A importância da Avaliação em Saúde e Segurança no Ambiente Corporativo”.
Mauro Barros comentou que “hoje existe uma preocupação maior com a questão da saúde e segurança nas empresas, e por isso se faz um esforço maior de avaliação como um macro processo de gestão, que no passado”, disse.
Apesar desse fato, ele lembrou que “nos últimos anos em função de alguns problemas, como a pandemia, e também o aspecto econômico que tem levado algumas empresas a abandonarem os esforços que elas vinham fazendo de gestão baseada em avaliação, isso tem gerado consequências negativas desse momento que estamos atravessando, e por isso é importante mostrar a necessidade de retomar as ações de saúde e segurança e promoção de saúde, mas retomar isso com base em evidências sólidas, com boa avaliação para que isso possa gerar benefícios para a empresa”, ressaltou.
Mauro Barros enfatizou ainda que a pandemia também trouxe aprendizados e aumentará demandas por serviços na área de SST. “Talvez a principal lição que a pandemia trouxe foi de que teremos uma população que vai demandar serviços de reabilitação, se estima que no Brasil serão 70 milhões de brasileiros que demandarão por esse tipo de atendimento, e grande parte desses brasileiros estão no setor produtivo e nas indústrias”, pontuou.
Outro aspecto pontuado por Mauro foi à necessidade de repensar o lazer das pessoas, uma vez que a pandemia fez com que a maioria delas levassem o trabalho para onde estivesse, “o local de trabalho deixou de ser as empresas como era no passado, e com isso as pessoas mudaram muito as rotinas delas, rotinas pessoais, familiares, e comprometeram o lazer, e esse lazer tem uma relação muito forte, com mortalidade precoce, então investir no lazer é também um bom negócio”, afirmou.
A superintendente do SESI PB, Geisa Brito, comentou que a proposta do SESI é tão somente chamar atenção ao tema, Saúde Mental e Produtividade, “nosso objetivo é chamar a atenção das empresas, em relação a essa temática, que vem nos pegando de surpresa, um tema que ganhou ainda mais evidência na pandemia, buscamos gerar uma maior segurança no ambiente de trabalho”, explicou.
O Simpósio terá continuidade nesta quarta-feira, 20/10, a partir das 15h, com os painéis “Como a saúde mental impacta na produtividade”, com a Dra. Georgia Matos, que é mestre em Educação, psicóloga e socióloga pela UNB, e especialista em Desenvolvimento Industrial do Departamento Nacional do SESI. E “Tecnologias e Inovação para Saúde”, com o Dr. Daniel Beltrammi, médico e mestre em Gestão de Tecnologias e Inovação em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo, e secretário Executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde pelo Governo da Paraíba.
O evento será encerrado com a apresentação do Case “Abordagem de saúde mental dentro da empresa e suas estratégias para o sucesso”, que será feita pela Dra. Danielle Cronemberger, médica pela Universidade Federal do Piauí, e médica do Trabalho pela Santa Casa de São Paulo. Atualmente Danielle é médica coordenadora na Natura & Co para Avon Brasil.
Para acompanhar a programação do 1º dia do Simpósio Saúde e Segurança no Trabalho realizado pelo SESI, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=rB_7naST8kU